Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Lily Gladstone: atuação com propósito. Foto: Paramount PicturesLily Gladstone: atuação com propósito. Foto: Paramount Pictures

Lily Gladstone estudou teatro com Augusto Boal

Apesar da surpreendente conexão, mix político, social e artístico do Teatro do Oprimido explica muito do elogiado trabalho da atriz.

(brpress) – Maior injustiça do Oscar 2024 foi Assassinos da Lua das Flores (Killers of the Flower Moon, 2023) ter saído da premiação sem nenhuma estatueta. Indicado a 11 das 23 categorias da premiação, foi o maior perdedor este ano e o melhor filme da temporada, na opinião da brpress. O veterano diretor Martin Scorsese e seus filmes foram indicados outras dez vezes, mas só levaram em uma, por Os Infiltrados (The Departed, 2006). Dos males o melhor: Scorsese revelou Lily Gladstone para o mundo. 

A primeira atriz de origem indígena indicada ao Oscar estudou teatro com o brasileiro Augusto Boal. Apesar da surpreendente conexão, o Teatro do Oprimido criado por Boal é um método político, social e artístico que dialoga e explica muito do elogiado trabalho de Gladstone. 

Oressores e oprimidos

A metodologia de Boal consiste na realização de jogos e atividades, procurando estimular o debate e a problematização de temas do cotidiano, além de oferecer reflexões sobre as relações de poder, por meio da exploração de narrativas entre opressores e oprimidos. 

São temas que Assassinos da Lua das Flores, história real extremamente bem executada cinematograficamente, com um elenco e fotografia sublimes, conecta com maestria. No longa, a tribo da personagem vivida por Lily está sendo dizimada nos anos 20 por causa da ganância do homem branco, interessado no petróleo que a região dos nativos americanos produz.

Na época, o ocorrido com os Osage ganhou o nome de “Reino de Terror”.

Ativismo

“Aqueles jogos que ele [Boal] fazia, que ele coletou pelo mundo todo, muitos deles vêm de jogos indígenas e estão enraizados na ideia de que a nossa ação melhora quando temos conhecimento de nós mesmos e da nossa voz no mundo”, revela Lily Gladstone ao jornalista Leão Serva, em entrevista exclusiva para a TV Cultura, em Londres.

A atriz conta que sempre gostou de colocar sua arte a serviço da comunidade. “Sinto que antes de me lançar na carreira que tenho agora, tinha a percepção que meu amor pela atuação provavelmente seria realizado no ativismo, em trabalhar com comunidades, para falar sobre essas opressões comuns”, diz Lily.

Certas Mulheres

Apesar de “infiltrada” no elenco estelar do elogiado drama Certas Mulheres (Certain Women, 2016), vencedor do 60o, BFI London Film Festival, e que se passa no estado americano de Montana, onde nasceu, a talentosa Lily só chegou ao grande público fazendo o improvável par com Leonardo DiCaprio em Assassinos da Lua das Flores.

Em Certas Mulheres, dirigido por Kelly Reichardt, Gladstone interpreta uma jovem rancheira que se envolve em um vínculo também improvável com uma advogada interpretada por Kristen Stewart. Sua interpretação cativante e sutil rendeu elogios da crítica e solidificou sua reputação como uma atriz na qual valia a pena investir.

Enigmática e magnética ao mesmo tempo, a morena de 37 anos e origem indígena descobriu sua paixão pela atuação desde pequena, frequentando escolas de teatro locais e participando de produções amadoras. Lilly Gladstone também brilhou em produções teatrais aclamadas. Mas o cinema – e a indicação ao Oscar – são divisores de águas.

Durante a temporada de premiações da indústria cinematográfica, Lily ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama, e o Prêmio do Sindicato dos Atores (SAG Awards) de Melhor Atriz.

Só com olhar

Sua capacidade de dar vida a personagens complexos com uma autenticidade impressionante é uma marca registrada de suas performances – mais contidas e sutis, quase sem palavras, como Molly, mulher indígena do povo Osage, que diz tudo em só com olhar. Sua atuação é o oposto da espevitada Bella, de Pobres Criaturas, que deu o Oscar pela segunda vez à Emma Stone.

Lily Gladstone é low profile também longe das câmeras. Ela evita a superexposição e os holofotes da fama e prefere focar sua energia na arte da atuação, buscando constantemente desafios que ampliem seus horizontes criativos. Seu trabalho poderá ser apreciado em 2024 na série de crime Under the Bridge e no filme Jazzy, do qual agora é a protagonista.

#brpressconteudo #LilyGladstone

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate